POLÍCIA.

MILITARIZAÇÃO: O SANGUE SOBRE NÓS

"As polícias se detestam”, dizem os especialistas em segurança pública, razão pela qual nenhuma jamais cumpre a sua missão direito. Os próprios policiais duvidam da capacidade de seus colegas: “30% são bons, 40% não entendem nada de polícia, e 30% não querem trabalhar”, calculava no passado em São Paulo um ex-secretário. Hoje, nessa mesma linha, muitos – servidores públicos principalmente – insistem com choques de gestão, mais e mais recursos, formação e valorização das carreiras. O Poder Público apoia, aumentando a cada ano os investimentos em segurança: 61 bilhões em 2012, 16% a mais que no ano anterior; em 2016 serão quase 40 apenas para os Jogos Olímpicos.

Enquanto isso, os especialistas não se entendem. Como a maioria das organizações internacionais, admitem que o fundamental é desmilitarizar e unificar as polícias em uma só nova corporação. Ao mesmo tempo alegam que desmilitarizar pode não ser a solução, que depende disso e daquilo, principalmente da vontade do Congresso, onde dormitam os projetos dos deputados Celso Russomano (PRB) e Chico Lopes (PCdoB), e dos senadores Blairo Maggi (PR) e Lindbergh Farias (PT).


Militarização, contudo, não é “doença brasileira”. Nos Estados Unidos, a desculpa para licitações bilionárias são as “guerras” às drogas e ao terror: de 2002 a 2011, foram repassados 35 bilhões de dólares pelo governo federal para que estados e municípios comprassem equipamento bélico pesado e montassem forças paramilitares. Ao mesmo tempo o Pentágono enviava às polícias kits de sobras de guerra, aumentando o número de missões paramilitares de polícia de 3 mil (1980) para 50 mil (hoje), acentuadamente em localidades com baixos índices de violência.


Em Keene (New Hampshire), de 1999 a 2012 ocorreram somente 3 homicídios, mas a polícia gastou quase 300 mil dólares em uma versão estadunidense do “Caveirão”, que na prática serve somente para patrulhar o “Festival da Abóbora” da cidade. Numa outra, Fargo (Dakota do Norte), ocorrem em média 2 homicídios por ano, suficiente para justificar a aquisição de um blindado com metralhadora giratória. Assim como no Brasil, na esmagadora maioria dos casos faz-se licitação não por necessidade, mas porque políticos e policiais querem “estar em dia”, odeiam “ficar para trás”.


Guerra, segundo meu pai, que esteve lá, é “um grande negócio”. Sem tirar nem por militarização das polícias é isso também, um jogo pérfido jogo de ganância, vaidade e indiferença cujo sangue das vítimas fatalmente cairá – disse Pilatos aos judeus – sobre nós e sobre nossos filhos (Mateus 27:25).

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